quinta-feira, 31 de julho de 2014

Empreita de Palma no Barrocal Algarvio




Em visita a uma das Feiras de Artesanato de Tavira, encontrámos a simpática artesã algarvia Maria Odete Carmo, que já trabalha na arte da Empreita de Palma (também utiliza outros materiais) desde os seus 10 anos de idade. Ensinada por sua mãe, esta artesã tem trabalhado durante toda a vida nesta arte, na qual dá formação, dando o seu contributo para que nunca se perca esta actividade tradicional algarvia.

As suas fantásticas peças de empreita (desde cestaria a bases para tachos, capachos com e sem cores, entre outros) podem ser encontrado em feiras de artesanato e em lojas.

Dado que se trata de uma actividade em vias de extinção, decidimos investigar sobre esta arte tão antiga e tão algarvia…

A empreita de Palma é uma actividade tradicional bastante antiga e predominante no Algarve, mais propriamente no Barrocal Algarvio.

Sendo tradicionalmente um trabalho efectuado por mãos femininas e apenas quando não havia trabalho no campo (era apenas um complemento), a empreita surgiu devido à necessidade de embalar figos, amêndoas e alfarrobas para o seu transporte.

Surgem então as alcofas, os cestos, as gorpelhas, as esteiras, as ceiras,… Mais tarde, criam-se objectos para utilização no quotidiano, tais como os chapéus, as vassouras, os  vasculhos, os capachos, os tapetes, os abanos, as bases para os tachos, sacos diversos, revestimentos para garrafões e garrafas de vidro, entre outros.

A empreita não é mais do que uma fita de palma entrelaçada. A folha de palma é proveniente de uma espécie de palmeira anã que crescia nos matos do Barrocal. Posteriormente, devido à escassez da planta, começou a ser importada do sul de Espanha.

Para executar qualquer peça em folhas de palma, é necessário preparar as folhas (ou fervas) de palma: ou eram colhidas no mato e colocadas ao sol a secar, ou compravam-nas já secas.

Depois, são escolhidas consoante a utilidade: as mais grosseiras são para utensílios menos exigentes, a outra é tratada. A palma é molhada para facilitar o seu manuseamento.

Na fase seguinte, enxofra-se a palma através de um banho de vapores de enxofre para que se possa clarear. Quando as folhas são muito largas, ripam-se para que fiquem uniformes.

Para produzir efeitos artísticos nos objectos, tingem-se as palmas, passando as mesmas por um banho de água quente com a cor pretendida. Nesta fase, corta-se o pé para soltar as folhas.

A palma está pronta para se fazer uma fita comprida e entrelaçada. Com a ajuda de uma agulha de cobre, a empreita é cosida com finas folhas de palma molhadas (para dar mais flexibilidade), ou com baracinhas (que é um fino cordão executado com palma enrolada).

O objecto ganhou forma, agora passa-se à fase dos acabamentos! É necessário debruar para rematar o bordo do objecto, efectuar as asas (quando necessário) que são feitas de baracinhas, cortam-se as pontas da palma que ficam a sobressair e o trabalho está terminado!

Hoje em dia, a empreita é apenas um tipo de artesanato representativo e uma das atracões turísticas do Algarve, não tendo mais a importância de outrora. É muito utilizada com finalidades decorativas.






















 

sábado, 5 de julho de 2014

Praia do Barril no passado e no presente…



A Praia do Barril pertence ao Parque Natural da Ria Formosa, localiza-se a oeste de Santa Luzia, a sudoeste de Tavira e a Oeste da praia da Ilha de Tavira.

É um local de visita obrigatória por vários motivos, que vão desde a qualidade do ambiente, a paisagem envolvente, o próprio acesso à praia (que nada tem de vulgar), as excelentes condições de acolhimento aos turistas nas proximidades, assim como a história que a Praia do Barril nos conta.

A Praia do Barril é uma das praias mais calmas da costa sul do Algarve, as suas águas são calmas e tépidas durante a Primavera e Verão. Durante os dias solarengos de Inverno, a Praia do Barril convida à prática de uma boa caminhada à beira-mar e de desportos ao ar livre.

A sua magnífica paisagem é constituída pela Serra do Caldeirão a Norte, o cerro de São Miguel a Noroeste; os Sapais, as salinas da Ria Formosa, as Dunas e por fim o Oceano Atlântico.

Para ir até à Praia do Barril, existem duas opções: ou se apanha o comboio, ou segue-se pelo caminho pedonal, num total de cerca de 3Km. Até chegar a um destes meios, há que atravessar a Ria Formosa através de uma ponte.

O pequeno comboio disponível com mais regularidade na época balnear, atravessa a linha rodoviária do tipo Decauville, com cerca de 1Km de extensão em via estreita de 60cm de bitola. Durante a curta viagem por entre o Sapal da Ria formosa, pode observar o pinhal e as dunas. Esta linha servia, em outros tempos, a antiga armação de pesca do atum localizada na Praia do Barril.

A praia encontra-se dotada dos habituais apoios de praia: concessões, restaurantes e bares, vigilância e um centro náutico. Para dormir, pode sempre ficar no empreendimento turístico Pedras d’El Rei, junto à praia, e com uma grande diversidade de ofertas.

N’outros tempos (entre 1841 e 1966), de Abril a Setembro, neste arraial viviam cerca de 80 pescadores com as suas famílias, em pequenas e humildes casas onde faltava a electricidade e a água corrente. Apenas se partilhava de sol a sol o amor e a fraternidade.

 

“Na Armação do Barril (ou Três Irmãos), a migração do atum em direcção ao Mediterrâneo (atum de direito) e de volta ao Atlântico (atum de Revés) determinavam cada ano o resultado incerto desta árdua faina.

Actualmente, visita-se um cemitério de Âncoras, utilizadas na antiga armação e as pequenas casas que serviam de habitação aos pescadores transformadas actualmente em lojas, restaurantes e apoios de praia e ainda os poços que forneciam a água a quem ali residia.”